sábado, 30 de julho de 2011



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Sufocava...

Afogara-se...

Talvez, no fundo do mar, dormente...

Não se sabia a pobre demente até se ver como pesca em desespero pescada!

Acordada; viu-se por rede emaranhada...

Resgatada!

Não entendia...

Assustou-se!

Debateu-se...

Cansou!

Entregou-se...

Enfim, respirou!

Entendeu...

Ressuscitou nos braços de um novo amor...

Suspirou!

...

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Encegue/sendo...

...
E são tantos os mistérios...

E há tanta magia na vida!

E tantos a passear por ela devagar ou com pressa que sequer conseguem ouvir os ecos que dentro deles alertam para o sentir... E divagar...

E tudo... Tudo mesmo pode em minutos mudar o sentido; re/ver/ter os sentidos dos sentidos...



E quem sabe, se se deixarmos de tentar entender sem ver... Num fechar de olhos, com a alma na ponta dos dedos talvez... Ou apenas seguir o próprio pulsar... Quem sabe, de repente, não ultrapassemos determinada linha imaginária, e, em outra dimensão, nos encontraremos...

E tudo real...

Se vês é real?

Mas com o quê? Com qual sentido vives e conheces o mundo, o outro a seu lado? Você?!

Não! O real não é o que vejo... O real é o que sinto e o que sinto sentirem...

E por que tantos fecham os olhos em entrega a um beijo apaixonado? Ou àquele beijo curioso... Sedento de experimentação... Ao beijo esperado, ou inesperado... Beijo sonhado?

E num beijo há tantas sensações e emoção...

Fechamos instintivamente os olhos para sentir o pulsar nele invisível... Tangível...

E o beijo é sempre pelas mãos buscado...

Re/parem!



Peles que se arrepiam e são tateadas... Coração que dispara... pernas que amolecem... Entrega que não se pode com os olhos ver... Enxergar!

Um beijo é um pré/sentimento que traz e busca tanto... E, tateando, as mãos buscam cada arrepio, cada pedaço do outro conhecer com a alma nelas pousada...

E há tanta beleza num beijo que a visão não pode nos mostrar...

E alguns são avassaladores e em tormentas sugam tanto que exigem re/provação... Viciam de tanta emoção...

E são um passo para a pura magia.. Alquimia da sedução... E, pura sede/são!

Certa vez, um beijo me adormeceu... Com um beijo também se mata... Com um beijo fingido as portas são fechadas... E, no entanto, mesmo isolada, o frio se faz na alma, no corpo e no coração que não mais dispara... E diz/para! São um basta às ilusões...

Nada visto, só sentido...

Aprendamos a enceguecer para melhor ver... Enxergar com a alma de/cor intuída...

E um beijo pousa de repente, e o mundo se cala... Enceguecemos... E há tantos sentidos que despertam...

Prestem atenção...

E assim, em outra dimensão, em um beijo que se fez vários... Senti, em meus braços que abraçavam, a falta de asas do anjo que em mim, no tombo caído, pousara...

E o anjo caído... Tinha de ser mesmo por meus braços amparados....

E tão confuso neste mundo tão 'real'... Tanta pureza no olhar... E tantas dores pelas asas arrancadas...

E queria voar!!! Mas neste mundo e sem asas como voaria?

E mesmo sem as asas, pela confusão povoado... Quanta proteção proporcionava...

Um anjo com estrelas no olhar... Com promessas de grande a/mar...

A prova encarnada de que o real é ilusório e que os sonhos são possíveis... Até tangíveis!

Perdido... Perdido e entre/laçado aos braços de uma perdida...

Perdida de tanto voar de um mundo dito real para o dos sonhos sentidos e vividos...

E num beijo de pura emoção... Se encontraram...

Se encantaram!

E de mãos entrelaçadas... Agora voam, mesmo sem asas, a provar que o que se vê não é real...

Que o que se sente é palpável...

E a poesia que se fez em carne fecha os olhos, une os lábios... E tudo faz sentir, tudo é tocado!

E na sinfonia desta emoção, voam mesmo sem direção!


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sábado, 2 de julho de 2011

real/mente?


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Era uma vez...

Era uma vez, um sonho!

Um sonho acordada...

Acordada?

Talvez não... Como se sabe quando se está acordada?

Mas, sim, talvez fosse um sonho!

A menina que crescera ouvindo contos de fada havia finalmente encontrado seu príncipe...

Mas, não era o príncipe encantado como àqueles que lhe contava os contos; era mesmo real...

Como se sabe o que é real e o que é imaginário?

Bem... Ela se sentia acordada e acreditava ter encontrado seu príncipe!

Fato!

E em seu sonho a ele se entregou...

E na entrega entregara tudo o que lhe era mais caro...

Entregou tanto que um dia acordou sem o próprio amor... Esgotara-se...

Empobrecera...

A menina, que encontrou em um sonho seu príncipe, se viu mendiga...

Saqueada!

Sua alegria também havia sido roubada...

Banhava-se de lágrimas e assim tentava purificar-se...

Exorcizar tanta dor... tanta falta de amor!

E o príncipe mais riquezas acumulava...

E como crescia a cada flecha que no peito da menina atirava!

Ela sangrava...

E ele nobre e valente se orgulhava da pontaria...

Além de muito rico, diante da mendiga, quanto mais enfraquecida a via... Mas, forte se fazia...

Se sentia!

No reino/mundo ninguém mais aceitava a monarquia... E longe da menina era ele quem mendigava...

Mas, riam-se do pobre coitado que chegou a engraxar sapatos com a própria língua para manter os seus reais...

E ganancioso que era...

Ambicioso, pretensioso... Arrogante; queria mais! Queria ser forte, mas não sabia ser!

Tudo o que queria era ter...

Todos riam do pobre coitado...

Açoitado!

Mas, ele... Ele 'sabia' onde poderia ser príncipe! Sabia que a menina com olhos cumpridos a amá-lo o esperava...

Então ele ia a seu encontro...
E de encontro a ela, do mundo nela se vingava!

E quanto mais a pisava... Mais gigantesco se tornava...

Mas, um dia...

Um dia, a menina com um beijo do príncipe que sentia... Adormeceu!

Adormeceu... Adormeceu abraçada a seus sonhos que a beijava e repetia que a amava... Sonho tão sonhado que há muito desbotara...

Despertou...

Olhou em volta e surpresa se viu só...

Então olhou pra si... E se viu e refletiu...

Maltrapilha, sangrando, quase sem forças...

Acordou!

Não era um sonho o que tivera... Tudo não passara de uma quimera!



E o sapo, que a beijou tão ternamente como há muito não fazia, covardemente havia pulado de sua cama enquanto ela ainda adormecia, e, sem se despedir, pulou e a deixou...

Onde está o sapo agora a coaxar? Está onde nunca deixou de estar... Ela inebriada é que não via...

Junto de outros sapos à beira de algum córrego lamacento a sonhar ser príncipe encantado...

A menina agora acordou...

Acordou ensanguentada e por lágrimas povoada...

Mas, acordada!

Como se sabe quando se está realmente acordado?

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