Fora magia... Feitiço de um momento de profundo sentir...
Talvez extrema loucura, talvez inédita lucidez... Fantasia?
Escondia dores nos vapores do álcool e desenhava o melhor sorriso nos lábios...
Meu olhar pousou no seu, era farol, era espelho que me refletiu...
E sorriu! Seus lábios se moviam freneticamente, mas eram seus olhos que tudo diziam...
As máscaras se dissolveram no ácido desejo de ficar...
E ficaram... Ficamos! Lembro do calor de tuas mãos orvalhando meu ser...
Teus lábios que quase devoravam os meus sempre que se calava...
E simplesmente fomos, fomos nus, sem roupas, e do corpo despidos àquele momento...
Lembro-me da poesia do amor que ali de presente se fazia... O corpo trêmulo, ponte que nos
embalava...
Mas, partiu... A ponte trêmula e frágil arrebentou... O espelho se partiu...
Restam os cacos, fragmentos do reflexo que vi... Mas, não há encaixe...
E a ponte, agora, apenas dois corpos que balançam, cada qual em seu extremo, ao sabor do vento...
Algo se fez de novo vapor... E, já não consigo pintar o sorriso que te sorriu...
Às vezes, às vezes um sorriso carrega a gente... E o tempo não disfarça... Passa!
Passa fingindo-se não ser...
Mas é! Passa majestoso, nos atravessa... Tantas vezes deixando-nos às avessas...
Talvez na ventania deste baile, em que a todos o tempo desmascara com suas marcas, um dia
nos reencontremos e não mais nos reconheçamos...
Talvez...
Talvez a alma sussurre esse encontro de nós dois...
Talvez...