sábado, 30 de abril de 2011

CONFUSÃO







...


E a menina estendia as mãos...

Olhos arregalados, assustados, de tantas povoada!

Por dentro gelava, tremia, gritava, brigava e com tantas duelava... Quase se matavam!

Era todo um mundo!

Um mundo, que uma só menina só, desde a primeira meninice vira, como as antigas pólis, em si desorde/nada/mente se construir.

E em nome de cada vez mais necessidades, novas e avançadas acomodações eram em si levantadas, e, para tanto, via-se dia a dia pedaços de si implodir... desmoronar... Cair!

Às vezes calada assistia... Outras desesperava diante do vendaval de tantas idas e vindas, e tantas vidas dentro da própria vida... Do corpo da alma que a vestia!

E tudo estava lá... Está lá! Estampado em seu olhar brilhante: esbugalhado... Berrante!

Se não fosse ignorado...

Se a fitassem, viriam com certeza as mãos esticadas clamando solidão!

E há tantos que tanto reclamam desta tão dita solidão...

Como será ser só?

A menina só sabe o que é ser tantas...

Talvez para se ficar só, há alguns, seja necessária a companhia de uma voz externa... Uma mão amiga, que estendida os tire, os puxe da multidão que tantos são!

Pode-se esconder dentro de um armário fechado, em algum deserto jogado... E mesmo assim...

Mesmo assim, tantas vozes que não cessam, incomodam, impedem o silêncio de si... Não calam! Discutem, se contradizem! Algumas soluçam, outras gargalham, algumas pedem, outras desejam...

E são tantas: como haver solidão?

E a menina... A menina parece já não conseguir deter o que dentro de si já parece lhe prender; ela mesma havia construído prisões; queria acabar com a confusão; prenderia ali todos os baderneiros que em si suas regras e entranhas viviam rasgando...

Decretou, a menina, que como nela chegara primeiro, todos a ela deviam obediência e submissão!

Mas era só uma menina só!

E sozinha com todo aquele povo, com toda aquela multidão, assistia assustada a grande revolução!

A menina que não crescia já não mais podia... Vira-se ela mesma cercada, encurralada, e por todos presa na própria prisão...

Confusão!

E era com o olhar que estendia as mãos....

Como sair desta multidão?

...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

#EUSOUGAY POR UM MUNDO HARMÔNICO...

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'Levanto-me contra o preconceito e ergo a bandeira de Vivas! E que vivam e deixem viver os diferentes!'


(Esta ideia e projetos foram postados em http://cirandasaosol.blogspot.com/ por Viviane; em http://minhasmares.blogspot.com/ e o vi também em http://umacombinacaoperfeita.com.br/ ...

Abracei a ideia! Vejam o porquê...

(Abaixo, reprodução, na íntegra, da página de lançamento do projeto #EuSouGay, espalhe essa idéia)


Sejamos Gays. Juntos.
abril 12, 2011
Adriele Camacho de Almeida, 16 anos, foi encontrada morta na pequena cidade de Tarumã, Goiás, no último dia 6. O fazendeiro Cláudio Roberto de Assis, 36 anos, e seus dois filhos, um de 17 e outro de 13 anos, estão detidos e são acusados do assassinato. Segundo o delegado, o crime é de homofobia. Adriele era namorada da filha do fazendeiro que nunca admitiu o relacionamento das duas. E ainda que essa suspeita não se prove verdade, é preciso dizer algo.
Eu conhecia Adriele Camacho de Almeida. E você conhecia também. Porque Adriele somos nós. Assim, com sua morte, morremos um pouco. A menina que aos 16 anos foi, segundo testemunhas, ameaçada de morte e assassinada por namorar uma outra menina, é aquela carta de amor que você teve vergonha de entregar, é o sorriso discreto que veio depois daquele olhar cruzado, é o telefonema que não queríamos desligar. É cada vez mais difícil acreditar, mas tudo indica que Adriele foi vítima de um crime de ódio porque, vulnerável como todos nós, estava amando.
Sem conseguir entender mais nada depois de uma semana de “Bolsonaros”, me perguntei o que era possível ser feito. O que, se Adriele e tantos outros já morreram? Sim, porque estamos falando de um país que acaba de registrar um aumento de mais de 30% em assassinatos de homossexuais, entre gays, lésbicas e travestis.
E me ocorreu que, nessa ideia de que também morremos um pouco quando os nossos se vão, todos, eu, você, pais, filhos e amigos podemos e devemos ser gays. Porque a afirmação de ser gay já deixou de ser uma questão de orientação sexual.
Ser gay é uma questão de posicionamento e atitude diante desse mundo tão miseravelmente cheio de raiva.
Ser gay é ter o seu direito negado. É ser interrompido. Quantos de nós não nos reconhecemos assim?
Quero então compartilhar essa ideia com todos.
Sejamos gays.
Independente de idade, sexo, cor, religião e, sobretudo, independente de orientação sexual, é hora de passar a seguinte mensagem pra fora da janela: #EUSOUGAY
Para que sejamos vistos e ouvidos é simples:
1) Basta que cada um de vocês, sozinhos ou acompanhados da família, namorado, namorada, marido, mulher, amigo, amiga, presidente, presidenta, tirem uma foto com um cartaz, folha, post-it, o que for mais conveniente, com a seguinte mensagem estampada: #EUSOUGAY
2) Enviar essa foto para o mail projetoeusougay@gmail.com
3) E só
Todas essas imagens serão usadas em uma vídeo-montagem será divulgada pelo You Tube e, se tudo der certo, por festivais, fóruns, palestras, mesas-redondas e no monitor de várias pessoas que tomam a todos nós que amamos por seres invisíveis.
A edição desse vídeo será feita pelo Daniel Ribeiro, diretor de curtas que, além de lindos de morrer, são super premiados: Café com Leite e Eu Não Quero Voltar Sozinho.
Quanto à minha pessoa, me chamo Carol Almeida, sou jornalista e espero por um mundo melhor, sempre.
As fotos podem ser enviadas até o dia 1º de maio.
Como diria uma canção de ninar da banda Belle & Sebastian: ”Faça algo bonito enquanto você pode. Não adormeça.” Não vamos adormecer. Vamos acordar. Acordar Adriele.
— Convido a todos os blogueiros de plantão a dar um Ctrl C + Ctrl V neste texto e saírem replicando essa iniciativa —

By: ContextoLivre

quarta-feira, 13 de abril de 2011

DESPEDIDA...




...
E marejados, os olhos
no reflexo do outro,
Nevavam...

Lágrimas e sangue escorriam nas
brancas
mãos...

E no entanto...
no entanto,

O coração arrancado
Ainda pulsava na mesma
fria mão...
...


sábado, 9 de abril de 2011

PRESENTE


Seria um polvo?
Estaria eu acordada ou adormecida? Entorpecida talvez...
Talvez, de alguma forma, aquele momento fizesse parte de algum rito mágico... De passagem... Quem sabe?
Mas, como? Como fui parar entre aqueles tentáculos?
Bem... Não sei se eram de fato tentáculos... Não sei... Quem sabe era um polvo? Ou quem sabe todo um povo! Perdido... Esquecido... Quem sabe sempre lembrado... Quem sabe apenas alguém que valesse toda uma civilização...
Não sei... Sei apenas da sensação... E essa era mesmo a de ser completamente envolvida... Como se não fossem dois, mas muitos braços que se entrelaçavam ao meu corpo num abraço infindável e de tantos e tantos laços que não havia como fugir ou querer sair...
Nada nele me machucava, ameaçava, ofendia ou incomodava...
Tudo nele era (re)conforto...
E tão reconfortante que a ele me entreguei tão completamente que por alguns segundos cerrei os olhos para que a visão não pudesse confundir o que de fato se passava ali... E a lágrima que deles brotou depois era mesmo inevitável... E era de um tipo estranho... De um tipo raro... Difícil de se definir, mas talvez fosse a lágrima de uma saudade invertida... Talvez, saudade refletida... É isso, saudade refletida! Com certeza! Afinal, o que é a saudade senão a presença em nós de algo que nos é distante...
Ali, no conforto daquele abraço, era como se do avesso de mim, eu fosse abraçada por todos os braços dos que trago secretamente guardados no mais íntimo de meu ser; poeticamente falando, podemos chamar de coração... E, são tantos que amo... E são tantos que só vejo no reflexo de meu olhar... Que só vejo por dentro e pelo avesso... Claro que há um em especial... Sempre há...
Mas, assim... De repente, como que a saltar dimensões, como um portal que se abre, sem se saber o porquê, ali, de um lugar qualquer, rodeada, porém nem só, de estranhos e pessoas quaisquer... Minha saudade foi refletida, sentida, degustada, digerida e...
E... O que aconteceu afinal? Fui tudo tão surreal... Será esse o melhor termo? Talvez não! Mas, não importa...
Foi assim que recebi um abraço inesquecível... De quem afinal?
Estava eu bêbeda afinal? Sóbria? Viajando? Não importa! Não é disto de que estou falando... Alguém de carne e osso, alguém que eu nunca havia visto antes, de fato me abraçou... E há testemunhas, posso provar! E não havia intenções sexuais ( e não vou aqui entrar no mérito da questão), mas também isto poderia provar...
Mas o abraço físico também não é o foco principal... É do momento poético que estou a falar! Há tão mais coisas por de trás das coisas... Por que será que alguns não veem o que vejo... Porque sou louca?
Vou contar um segredo: não acredito em muita coisa não... Mas, àquele abraço, sei bem de quem o recebi e veio de dentro de mim...
E quantos detalhes são perdidos todos os dias na pressa, no corre corre das ruas... Nos afazeres... E até os prazeres acabam tendo de ser cronometrados...
Mas, afinal? Deu tempo de terminar este texto? Conseguiu? Percebeu as entrelinhas, leu correndo ou devagarinho?

sexta-feira, 1 de abril de 2011

INSISTENTE DILEMA - I




É estranho constatar quantas coisas tenho caladas em mim... Algumas conscientemente omito e outras... Outras simplesmente não consigo dizer; são indizíveis... São minhas... Sou eu!

No entanto, tudo o que quero é ser lida... Mas ser lida na origem, no eu... Em vida... Carne viva!

Se tento me dizer... Se tento me traduzir, já não sou eu... Então... Então, percebo, que não devo ser lida, e que qualquer tentativa de me traduzir será frustrada... Devo ser decifrada!

Decifra-me ou serei devorada... Devorada pela própria deterioração do aborto não expelido...

O que conscientemente omito, omito por saber que posso estar enganada em meus julgamentos e ideias, omito às vezes por medo de interpretações equivocadas... Por inseguranças... Por incompreensões...

Mas há as indizíveis!
Essas de fato latejam em mim... Essas exigem a expressão... Compreensão! Então, entrego-me e mergulho nelas para que assim, sendo por alguns minutos elas, e elas eu, de algum modo sejamos percebidas, sentidas... Decifradas...

E mesmo assim, não posso! Tudo vão...

É também estranho perceber que o óbvio de mim, às vezes, me deturpa tanto... Tanto que me vejo completamente estranha no fundo de um olhar ora inquisidor, às vezes divertido... Pervertido... Sentido... Sem sentido... E no entanto, no entanto é tão óbvio que argumento algum provaria o contrário...

É sempre a mesma luta... É sempre a mesma busca... É sempre a mesma dúvida... o mesmo dilema.


E neste jogo, a observação necessária me faz ver que embora não entenda bem, embora tentando incansavelmente me decifrar... Você também luta... Você também omite e você também tenta dizer algo a mais...

Você também quer ser decifrado(a)!

...